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EXAME Fórum debate novos rumos para o mercado do turismo

Evento em parceria com MTur, que aconteceu em Florianópolis, apresentou tendências e discutiu as oportunidades de crescimento do setor no Brasil

Por Abril Branded Content

André Lahóz, diretor de redação de EXAME, à esquerda, Gean Loureiro, prefeito de Florianópolis, no centro, e Vinicius Lummertz, ministro do Turismo, à direita, traçam um panorama do setor no país (Roberto Castro/MTur/Divulgação)

É inegável o potencial natural, cultural e histórico do Brasil, mas o mercado do turismo no país ainda tem muito a desenvolver. É o que afirmam os especialistas, empresários e representantes do governo que se reuniram no EXAME Fórum Turismo, realizado no dia 20 de novembro, no Costão do Santinho, em Florianópolis (SC).

Promovido pelo Ministério do Turismo, em parceria com EXAME e entidades do setor, o evento discutiu as tendências e oportunidades de investimento e também apontou os principais desafios e dificuldades que impedem a expansão do segmento no Brasil. Afinal, os dados chamam a atenção: de acordo com um estudo de competitividade para o turismo realizado pelo Fórum Econômico Mundial, estamos em primeiro lugar em atrativos naturais, em um ranking de 136 países, porém apenas na 106ª posição no quesito priorização desse setor.

A preocupação com esse cenário é compartilhada por representantes da área – do poder público a instâncias privadas. Segundo o ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, na palestra de abertura do fórum, o turismo no Brasil não avança principalmente por conta das dificuldades enfrentadas por outras áreas importantes, diretamente relacionadas a esse mercado, como o transporte e a segurança pública. “No turismo, nós temos o maior potencial natural do mundo e o oitavo potencial cultural, mas o setor fica afetado pela falta de competitividade dos demais segmentos”, avaliou.

O sociólogo italiano Domenico De Masi, autor do best-seller O Ócio Criativo, que também participou do evento, destacou que o Brasil traz duas vantagens sobre outros países: poder ter turismo o ano inteiro, porque conta com temperaturas altas em determinadas regiões praticamente em todos os meses, e dispor de faixas de praia mais longas e amplas do que cidades europeias litorâneas cujo atrativo principal são as praias. Entretanto, ele concorda que as possibilidades de crescimento esbarram em outros setores, como a segurança pública. “O velho problema do Brasil com o turismo é a violência. Trata-se do principal inimigo”, avaliou.

Domenico De Masi, sociólogo italiano (Rosane Lima/Abril Branded Content)

Por outro lado, justamente por meio do turismo, seria possível beneficiar os demais setores envolvidos, já que, em um efeito cascata, o ramo impacta mais de 50 atividades, sendo um forte motor econômico. De acordo com dados do anuário estatístico da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis, por exemplo, dos 360 000 carros comprados pelas agências locadoras de veículos em 2017, 45% foram destinados a atender a demandas do setor.

Mais um exemplo é a rede hoteleira, que, segundo informações apresentadas no evento, compra anualmente das indústrias têxtil e de eletrônicos mais de 6 milhões de roupas de cama e banho, 120 000 televisões e 140 000 telefones.

De fato, a força do segmento é indiscutível: atualmente o turismo movimenta 8,3 trilhões de dólares no mundo, representa 10,4% do PIB global e é responsável por um em cada cinco empregos gerados mundialmente na última década.

Rafat Ali, CEO e fundador da Skift, em videoconferência (Rosane Lima/Abril Branded Content)

Mas o Brasil não ocupa ainda a fatia que poderia desse mercado. Só no ano passado, mais de 1,3 bilhão de pessoas fizeram viagens internacionais, no entanto, devido à falta de investimento, apenas 6,58 milhões de viajantes (menos de 0,5% do total) escolheram o país como destino. Como resultado, enquanto os brasileiros deixaram 19 bilhões de dólares em destinos internacionais, os estrangeiros injetaram apenas 5,8 bilhões de dólares na economia nacional – um déficit de 13,2 bilhões de dólares na balança comercial.

Propostas para o futuro

Diante desse contexto, o ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, propôs, como possível saída para as limitações enfrentadas pelo setor, uma mudança de mentalidade a favor de maior eficiência no trabalho, uma política pública poupadora e uma abertura para imigrantes a fim de que diferentes ideias possam circular no país.

Para ele, seria preciso criar uma nova agenda, em que a flexibilidade e a disponibilidade para a transformação abram caminho para a criação de novas frentes de trabalho. “Vivemos em uma época na qual os jovens não querem ter, preferem viver as coisas, desejam ter experiências. O turismo pode oferecer isso e se trata do maior negócio do planeta”, disse Lummertz.

Além da mudança de mentalidade, uma série de ações objetivas poderia levar o Brasil a aproveitar melhor o seu potencial turístico, como aponta o Plano Nacional de Turismo (PNT). Uma das propostas está relacionada aos parques nacionais, por exemplo, que poderiam ser mais abertos ao turismo por meio da concessão de serviços e pelo estabelecimento de parcerias público-privadas.

Em 2017, os parques receberam somente 10,7 milhões de visitantes, gerando um faturamento de 2 bilhões de reais para os municípios nos arredores das unidades de conservação. Trata-se de um retorno baixo, que não equivale ao seu potencial. Para fazer um comparativo, nos Estados Unidos, no ano passado, os parques receberam 306 milhões de visitantes e faturaram o equivalente a cerca de 60 bilhões de reais.

“Vivemos em uma época na qual os jovens não querem ter, preferem viver as coisas, desejam ter experiências. O turismo pode oferecer isso e se trata do maior negócio do planeta”

Vinícius Lummertz, ministro do Turismo

Outra medida sugerida para movimentar a economia seria o incentivo às viagens de cruzeiros marítimos. A costa brasileira já chegou a ter 20 navios de cruzeiros operando na temporada de 2010 a 2011. Na temporada de 2018 a 2019, serão apenas sete. A razão da redução é o gasto operacional e a burocracia para um navio de cruzeiro atracar por aqui. O custo de praticagem no Brasil chega a ser 20 vezes maior do que no resto do mundo. Além de reduzir esse valor, é preciso também melhorar a infraestrutura portuária, assim como ocorreu nos aeroportos. Palma de Mallorca, na Espanha, por exemplo, registra arrecadação anual de 5 bilhões de euros com apenas nove concessões de píeres e marinas.

O estímulo à criação de parques temáticos e a regulamentação de resorts integrados a cassinos são outras ações propostas pelo PNT. O plano destaca ainda a importância de um melhor aproveitamento das cidades históricas, com concessões e parcerias junto à iniciativa privada.
Caso tais medidas sejam implementadas, o país poderá usufruir de uma série de benefícios. A previsão é que essas ações gerariam mais de 2 milhões de empregos, o número de turistas internacionais saltaria para 12 milhões e a receita internacional com o turismo passaria de 5,8 bilhões de dólares para cerca de 19 bilhões de dólares.

Turismo no Brasil em números
Crescimento do setor desde a criação do Ministério do Turismo, em 2003

*Em dólares estadunidenses, segundo o PNT. (PNT/Abril Branded Content)

 

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